O PORSCHE AMARELO, A MOTO SEM COR E UMA VIDA NO CHÃO
São Paulo, capital. Avenida Interlagos, madrugada de vinte e nove de julho: um porsche amarelo persegue um motociclista e o mata. O motivo: discussão de trânsito por conta de um retrovisor quebrado.
Há uma guerra no trânsito. Muita gente disputando espaço físico. Digo mais, é só abrir os jornais e vemos essa “guerra” nas grandes cidades, notadamente nos Condomínios.
Faço um corte no tempo. Fui casado com uma moça no interior do Paraná, cujo pai era proprietário rural. Dentre tantas coisas produzidas em suas terras, meu ex-sogro também tinha cafezais. Lá com ele, num belo entardecer e às margens da represa de Chavantes, entre um peixe e outro fisgado, ele me disse que estava começando um projeto novo de plantação de café: o adensamento e o superadensamento, que vem a ser plantar mais café em pouco espaço. O problema é a falta de qualidade da planta.
Volto para agora. O Brasil, embora tenha uma grande extensão de terras, testemunhou uma fuga das pessoas para as cidades, todos em busca de melhores condições de vida, o que é natural. E o que estamos vendo (e vivendo) nas grandes cidades é esse superadensamento de pessoas. Um Condomínio de prédios, por exemplo: no terreno morava uma família. No prédio moram quantos? No meu pelo menos cinquenta e quatro, todos empoleirados. Isso redunda em falta de “qualidade da planta”, ops, falta de qualidade de vida.
E mais. Junto com a falta de qualidade de vida tem a falta de inteligência emocional para convivermos. Brigas e mais brigas, vizinho que cantarola de noite, pessoas que, no afã da “reprodução seriada”, fazem seus barulhos de pré, ante e pós acasalamento. Uma miscelânea.
Pois bem, esse superadensamento, além de ser pensado por quem o produz, precisa se administrado por nós.
Precisamos superar a dificuldade de vivermos juntos, por mais difícil que isso possa parecer. Nisso reside uma espécie de “inteligência emocional”. Se não a temos precisamos desenvolvê-la.
Por fim, triste é aferir que muitos ainda terão suas vidas ceifadas por conta do trânsito.
Façamos a nossa parte.
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